sábado, 23 de março de 2013

Manifestando-me sobre o Manifesto…


Embora discorde de parte substancial do conteúdo do “Manifesto pela Democratização do Regime”, apresentado na semana passada por um conjunto de personalidades da sociedade portuguesa, oriundos de diversos quadrantes políticos, não posso, contudo, deixar de reconhecer a pertinência de algumas das questões abordadas no documento.

Os partidos políticos representam, na sua essência mais pura, correntes de pensamento ideológico e, por isso mesmo, são, no meu entender, a pedra basilar da democracia representativa. Muito sinceramente, é com ceticismo que antevejo um sistema democrático que não assente em projetos políticos consubstanciados por conceções ideológicas da sociedade.

Todavia, julgo que os partidos políticos devem repensar o seu status quo, sob pena de cavarem ainda mais o fosso que separa os partidários dos apartidários, fomentando uma agonizante descrença dos cidadãos nas organizações políticas. Urgem, por isso, sinais de mudança de paradigma!

Os partidos precisam de dar claros sinais de abertura à sociedade. A reforma do sistema eleitoral nas eleições legislativas, passando-se a eleger deputados por ciclos uninominais, sem dúvida que é uma forma de aproximar mais os eleitores dos eleitos, responsabilizando as escolhas de quem vota e de quem é mandatado.

Julgo que a impermeabilidade atual do acesso a lugares na Assembleia da República, por parte de listas independentes, é outra evidência com a qual os responsáveis partidários não devem temer romper, sob pena de, com esta posição, evidenciarem uma anoréxica falta de crença no conteúdo ideológico que os seus partidos têm subjacente.

Não tenhamos dúvidas, as pessoas precisam de voltar a acreditar que podem confiar no sistema político, e cabe aos partidos democráticos perceber o que está em jogo. No meu entender, tão e só, a democracia que tanto sangue, suor e lágrimas custou a conquistar.