A virtuosidade do espaço virtual é
por demais evidente, de onde relevo a extraordinária faculdade de propiciar
a plena democratização do uso do direito de livre expressão de pensamento e de
opinião, por parte dos cidadãos.
Contudo, a liberdade que a web possibilita no exercício pleno de
participação cívica, só é atingível quando a intervenção pública é responsável,
e não se esconde por de trás do conforto idiota e cobardolas que o anonimato “cibernáutico”
permite.
“Zorros e Batmans” erguendo teclados, tablets, smartphones e outros gadgets
em riste, apropriam-se de fóruns de discussão, de blogues e das próprias redes
sociais, subvertendo e abusando do poder da palavra e da liberdade de expressão.
Em determinadas circunstâncias,
dependendo da conjuntura política, o anonimato e a proteção da identidade, em
qualquer das suas dimensões, constitui-se como um importante (por ventura,
quase obrigatório), meio de luta contra a privação da liberdade, nomeadamente,
em sociedades com deficits
democráticos. Na Europa de hoje e, de resto, no mundo ocidental, tais
comportamentos só descredibilizam a convivência democrática e, pior que isso,
têm o efeito contrário de servir e justificar, muitas vezes, os propósitos dos
temerários da crítica e do contraditório, que, infelizmente, também habitam o
espaço público.
Não considero que o fim do
anonimato na internet deva ser, por e simplesmente, decretado. Nós, enquanto
cidadãos de uma sociedade que se ambiciona plenamente democrática, é que
devemos estar à altura da nossa ambição, não nos socorrendo destes subterfúgios
que não são mais do que formas de fugirmos às nossas responsabilidades.
É por isso que, de forma
totalmente clara e transparente, dou início a este espaço de exposição de pensamento e de opinião. Não por lidar mal
com o confronto de ideias, mas porque a blogosfera
constitui-se amiúde como um meio de espoliação dos direitos, liberdades e
garantias dos cidadãos (pelas razões que, de resto, já expus), vou vedar a
publicação de quaisquer comentários.
A “mascarilha” que esconde o nome
só revela o quão desinteressante é o carácter da pessoa que a usa, demonstrando
que muitos de nós continuarão a mostrar uma inaptidão crónica para honrar as
conquistas de abril. Julgo eu…