terça-feira, 5 de março de 2013

Responsabilidade 2.0

A virtuosidade do espaço virtual é por demais evidente, de onde relevo a extraordinária faculdade de propiciar a plena democratização do uso do direito de livre expressão de pensamento e de opinião, por parte dos cidadãos.
 
Contudo, a liberdade que a web possibilita no exercício pleno de participação cívica, só é atingível quando a intervenção pública é responsável, e não se esconde por de trás do conforto idiota e cobardolas que o anonimato “cibernáutico” permite.

“Zorros e Batmans” erguendo teclados, tablets, smartphones e outros gadgets em riste, apropriam-se de fóruns de discussão, de blogues e das próprias redes sociais, subvertendo e abusando do poder da palavra e da liberdade de expressão.

Em determinadas circunstâncias, dependendo da conjuntura política, o anonimato e a proteção da identidade, em qualquer das suas dimensões, constitui-se como um importante (por ventura, quase obrigatório), meio de luta contra a privação da liberdade, nomeadamente, em sociedades com deficits democráticos. Na Europa de hoje e, de resto, no mundo ocidental, tais comportamentos só descredibilizam a convivência democrática e, pior que isso, têm o efeito contrário de servir e justificar, muitas vezes, os propósitos dos temerários da crítica e do contraditório, que, infelizmente, também habitam o espaço público.

Não considero que o fim do anonimato na internet deva ser, por e simplesmente, decretado. Nós, enquanto cidadãos de uma sociedade que se ambiciona plenamente democrática, é que devemos estar à altura da nossa ambição, não nos socorrendo destes subterfúgios que não são mais do que formas de fugirmos às nossas responsabilidades.

É por isso que, de forma totalmente clara e transparente, dou início a este espaço de exposição de pensamento e de opinião. Não por lidar mal com o confronto de ideias, mas porque a blogosfera constitui-se amiúde como um meio de espoliação dos direitos, liberdades e garantias dos cidadãos (pelas razões que, de resto, já expus), vou vedar a publicação de quaisquer comentários.

A “mascarilha” que esconde o nome só revela o quão desinteressante é o carácter da pessoa que a usa, demonstrando que muitos de nós continuarão a mostrar uma inaptidão crónica para honrar as conquistas de abril. Julgo eu…