quarta-feira, 1 de maio de 2013

Bunny Style


Há alguns dias ouvi Jorge Coelho, a propósito do discurso de 25 de abril de Cavaco Silva, definir a política como “a arte da negociação”. Esta displicente forma de encarar a actividade política é, em si mesmo, parte da explicação da razão pela qual o país chegou ao estado em que nos encontramos.

É indiscutível que a capacidade e engenho negocial se assume como determinante, enquanto meio para atingir um fim. Porém, jamais deverá extrapolar desta dimensão meramente funcional, para uma dimensão estrutural e concetual.

A política deve ser encarada como a arte da assunção de compromissos para o bem comum superior. Julgo que a perspetiva mercantilista e de negócio evidenciada por Jorge Coelho é paradigmática de boa parte da classe política que nos tem governado nos últimos anos: especialistas em manter equilíbrios clientelistas entre as parcas elites da nossa sociedade, subjugando o sentido de estado para o plano do acessório e do dispensável.