quarta-feira, 25 de junho de 2014

Movimentos independentes e outros tais

Os partidos políticos navegam num mar turbulento e tempestuoso, tal é o descrédito que paira sobre estes na sociedade.

De facto, muitas vezes a isso se põem a jeito, como atestam as inacreditáveis maquinações que vamos assistindo no folhetim que, diariamente, vai sendo protagonizado pelos militantes socialistas.

Devido a novelas deste tipo, cujo guião reflete "partidarites crónicas" e intrigas partidárias, é que se tem assistido a um aumento da popularidade em torno de partidos "one man show" e em movimentos de independentes.

Com todos os vícios, que não mais do que refletem a condição humana dos seus dirigentes e militantes, mas, felizmente, com muito mais virtudes, a maioria dos principais partidos com representação parlamentar estão assentes num enquadramento e num suporte ideológico que, de alguma forma, norteiam a sua ação política.

É esse ADN que nos permite, por exemplo, suspeitar da democracia entaipada que o PCP advoga ou que nos permite antever que, meramente por hipótese, com o PS no governo, o peso do estado vai engordar. Ou seja, os partidos políticos são, quase sempre, um "porto seguro", na hora do eleitorado tomar opções.

Quer as candidaturas de partidos "one man show" quer os movimentos independentes não têm estas características.

Por um lado, quase sempre são sustentadas no culto da personalidade de uma figura carismática de protesto e com discurso demagógico e fácil. Por outro, as propostas que lhe estão subjacentes esgotam-se em si mesmas, não havendo espaço para a formulação de uma estratégia coerente que possa ser perspetivada a médio prazo.

Como mero exemplo concreto desse vazio, denote-se o périplo que Marinho e Pinto teve que fazer por várias famílias partidárias europeias, de vários espectros políticos, após ter sido eleito para o Parlamento Europeu juntamente com um anónimo e desconhecido candidato pelo MPT. Veja-se o absurdo: teve para ser integrado nos Verdes (de esquerda), e acabou nos Liberais (de direita)!

Os cidadãos devem, por isso, ser exigentes com a classe política. Mas devem, também, ser exigentes consigo próprios, não caindo na tentação de, para castigo de uns, colocar um cheque em branco nas mãos de outros, hipotecando o futuro das instituições e do país.

(Publicado a 25 de junho de 2014, no espaço de opinião "Opinião Semanal" da página institucional do "facebook" da Concelhia de Alvaiázere da Juventude Social Democrata)